Empresas de formatura de alto padrão miram estudantes da classe média
MARCELO QUAZ
DE SÃO PAULO
Alugar o salão da Fecomercio, na região central, foi a solução boa e barata que uma turma de 35 formandos em odontologia da Unisa (Universidade de Santo Amaro) encontrou para fazer sua festa de formatura para 400 convidados, no fim do mês passado.
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Para a noite de gala, comissão de formandos e agência de formaturas seguiram a praxe --a festa tinha que ter banda, bufê e open bar. Para conseguirem pagar a festa, no entanto, escalaram salgadinhos entre as comidas e cerveja, saquê e vodca nacionais entre as bebidas. A atração da noite foi a banda San Marco, que toca cover de bandas de axé a pop rock.
Poderia ter Jorge Ben Jor ou Chiclete com Banana (cujo cachê pode chegar a R$ 500 mil), vodca Absolut (R$ 62 a garrafa), uísque 12 anos (média de R$ 60 a garrafa) e gratinados de alcachofra (R$ 90 o bufê por pessoa), como frequentemente acontece em festas de turmas mais abastadas, como as da FGV (Fundação Getulio Vargas) e da Faap (Fundação Armando Álvares Penteado). Nelas, a mensalidade não custa menos de R$ 2.000.
Formatura econômica
Ver em tamanho maior »No lugar, vodca Smirnoff (R$ 22,50 a garrafa), salgadinhos e outras receitas (R$ 35 o bufê por pessoa) e a banda San Marco (cujo cachê é R$ 15 mil) foram mais compatíveis com o bolso da turma da Unisa, que pelo curso pagou, em média, R$ 1.300 por mês.
Os formandos puderam economizar em cada detalhe, mas não imaginavam que a festa teria a cara de um verdadeiro baile de formatura, com caprichados arranjos florais. "A festa está acima das minhas expectativas, mais bonita do que as outras formaturas a que eu já fui", disse Bruna Bonanome, 21, na festa em que a sãopaulo esteve presente, em janeiro.
Segundo Jorge García, 24, gerente de marketing da Ás Formaturas, que organizou o baile, as festas ficam, em geral, parecidas, já que alguns dos fornecedores são os mesmos.
"Então, comida, bebida e banda são os pontos onde é possível mexer para ter o formato tradicional a custos mais baixos", afirma ele.
Para Richard Sader, dono da empresa, criada em 2002, essa é a solução para atender à crescente demanda das turmas egressas de universidades privadas menos tradicionais, como Unisa, Uniban, Unip e Uninove, entre outras, de onde saem o maior número dos graduados.
Entre os 6,2 milhões de universitários do país, 81% estão matriculados em universidades privadas e 68% do total se enquadram na classe C, diz o Instituto Data Popular. Para a entidade, que se baseia no relatório "Definição da Classe Média no Brasil", feita pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência com dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), a classe C inclui famílias com renda de R$ 1.110 a R$ 3.875.
"Temos áreas na empresa que atendem exclusivamente esse público, que nos últimos dois anos passou a representar 20% dos nossos clientes", diz Sader, segundo quem é a mensalidade da faculdade que baliza o negócio com as comissões de formatura.
O baile da Unisa custou R$ 2.500 por formando, com direito a uma mesa para dez convidados --R$ 250 por convidado. Já uma turma da Escola Paulista de Medicina, por exemplo, fechou festa para o ano que vem por R$ 7.059 por formando, com direito a 20 convites --R$ 352,95 por convidado.
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